sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Onde há o apreço

Talvez não tivesse olhar nenhum, então.
Talvez fosse mesmo uma imagem criada – um desejo. Um desejo cheio de bons pormenores desajustados. E ela abriu os olhos. O frio parecia pior, a chuva chegara em pingos brilhantes, insistentemente molhavam sua alma de grandes dúvidas. Duvida da alegria, duvida da tristeza. Verdades e mentiras não tem personalidade única.

Por não conseguir lidar com o próprio, duvida do amor do outro. Duvida com todas as letras que parecem superficiais e insuficientes para trata-lo. E outras letras mais, que o tornam falso, imprudente.
Pura insegurança. Rebeldia de si.  De todas as que habitam dentro dela, que ora carregam um peso imenso, ora parecem flutuar em devaneios construídos com o apreço de um coração apaixonado.
Mas não são impressões esfumaçadas, são ideias recorrentes, ideias que aparecem como uma mansa superfície de um rio, mas um rio absolutamente fundo.

Tomou seu casaco, sua pasta. Seguiu em direção a compromissos inventados para ter uma desculpa por não querer pensar em mais nada. Queria apenas esquecer, mas tão amarga era a culpa.
Podia pedir desculpas, novamente. Pedir desculpas pelos pensamentos crueis e tão pontiagudos que a perseguiam quando, aflita, apenas dava espaço para a dúvida. Mas se não acreditava em alegrias ou tristezas, não podia acreditar na culpa, porque não sabia se era verdadeira ou mentirosa.
Queria apenas esquecer.


Where are we now?