quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Direitos, deveres e pagamentos (?)


É muito ruim cobrar.
Particularmente, e com todas as particularidades possíveis, eu prefiro dever – se devo sei quando e como vou pagar, e estou certa de que isso realmente vai acontecer antes da primeira cobrança.
É uma questão educacional, e por vezes define-nos como corretos indivíduos ou um típico protótipo de pessoa que não honra seus compromissos (vamos deixar este parênteses para os casos especiais devido a fatores extraordinários que levam alguém a dever, temporariamente).

Um devedor com trejeitos de quem não tem nenhum interesse em pagar, quando cobrado, veste-se de um personagem que possivelmente é quem ele realmente é, quanto diante de pessoas que ele não precisa manter algum laço afetivo: é estúpido, é rude, é sarcástico e absolutamente desinteressado em continuar a conversa com delongas explicativas (e não é um paradoxo, afinal, ele sabe que está errado, se não acontecesse a cobrança ele continuaria errando, mas mantém seu orgulho e volta a situação para o entendimento de que o cobrador é o vilão... é simples). Além de dever, ele também não compreende os demais deveres que temos de aplicar em nosso cotidiano para com as demais pessoas.

O cobrador, claro, é irônico. Por que não?
É sempre uma ação sistemática. A primeira cobrança acontece de maneira gentil, preocupada com os devidos problemas do devedor, são oferecidas facilidades, prazos, compreensão. A segunda cobrança aparece de maneira direta, mais objetiva, estipulando datas. (Enquanto isso, passa um tempo propício de se perder a paciência...). Então, curiosamente, não temos retorno, não temos atenção, respeito... e então a terceira cobrança é irônica, muito mais direcionada e incisiva – se não cuidarmos de manter uma postura, estamos a mercê de apontamentos por danos morais. Quando somos verdadeiros, corremos o risco de nos tornarmos grosseiros, mas não podemos ser sempre cordiais.
Dói fazer isso, ainda mais quando é visto que estávamos ali no momento acertado quando precisaram, e fizemos isso integramente, e por que não retribuem a gentileza com o mesmo bom grado?

Existem infinitas relações financeiras, e são sempre delicadas porque nossas existências as vezes parecem girar em torno dessa temática, mas em um simples empréstimo, prestação de serviço ou venda particulares, não pagar é crime e é uma sacanagem digna.

Todos temos problemas, mas a maneira como lidamos com eles e nosso nível de responsabilidade é que proporciona nossa tranquilidade.

Não emprestar... (!). É uma coisa feia? É egoísmo? É não respeitar e não ser compreensivo com as necessidades alheias? Que seja! Não emprestar... e isso tudo para evitar sentir ser culpada por estar cobrando e sendo o inicial motivo de tanta confusão.

E se escrevi para aliviar, é fato que algum 'departamento de cobranças' já deve ser riscado da minha lista de aptidões.

(E nenhuma melodia acompanha o texto! Alguem consegue sugerir algo?)

Nota: quando cobradas, as pessoas colocam-se na defensiva – em uma situação organizacional, se você cobra o motivo de um erro ou os porquês de uma tarefa não executada/mal executada, dificilmente o sujeito aceita as consequências de sua falha, o que cotidianamente surgem são tentativas de explicações e justificativas improvisadas... vale tudo, menos admitir, aceitar a falha e empenhar-se em modificar a situação.

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