terça-feira, 1 de julho de 2008

Sem-linhas.


Fiquei esperando a vontade de escrever aquilo tudo que estava para ser escrito, mas aquilo não estava esperando para ser escrito. Estava, aquilo, somente existindo, escondido – como todas as coisas que permeiam nossos dias, que ficam escondidas, esperando a hora de serem lembradas.
Vendo de fora,
algum contentamento poderia ser maior que o de quem está prestes a escrever alguma história, porque é necessário esperar a vontade das palavras.

Olho os dias, as ruas. Olho a chuva, a noite. Faço um esforço gigante para olhar e imaginar outra paisagem, e esperando ainda as palavras que caberiam a cada paisagem criada.

Dizem que é verdadeiro aquilo que não é contestado.
Se tiver dúvidas acerca de algo, é porque ainda não é certo. Enquanto tiver perguntas sobre a veracidade daquilo, ainda não é o fim, ainda não é a verdade que você procura (algumas finalidades são sempre esperadas para que aconteça o começo).
E cada um segue com uma verdade para si.
Versões. Versos.
E cada um segue sem saber sua verdade. Coisas que acontecem. Coisas que não aconteceram. Mas seguem criando coisas pensamentos que estão passiveis de se tornarem palavras.
Na véspera do escrever toda idéia some.
Tudo o que estava para ser escrito rouba o contentamento do escritor, que fica somente com a lembrança, mas sem nenhuma palavra.

Há muito tempo, num instante muito distante, a sua verdade não podia ser dita.
Era somente observar.
Cada verdade andava aos pares, e a sua verdade andava só.

Há muito tempo, muito distante da verdade, a observação era motivo da sensibilidade de se construir as linhas. Hoje é ser ágil, e não deixar a realidade roubar a idéia, cobrando verdades que ela nem sabe se existem...


http://br.youtube.com/watch?v=IjvrZ7LYO8s&feature=related (just the music)

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